terça-feira, 9 de agosto de 2022

Em 1822 a Real Fábrica do Rato encomendou barro de Molelos para fazer experiências.

  

Oleiros de Molelos - Postal

Em 1822 a Real Fábrica do Rato encomendou barro de Molelos para fazer experiências, conforme nos informa Gustavo de Matos Sequeira, em obra de 1933. 

Segue-se o excerto:


Real Fábrica do Rato

O combustível empregado nos fornos era mato, que se cortava das coutadas nacionais, adicionado de carvão.

Sobral passou a usar lenha de faxina[1] como Vandelli já tinha proposto, sem resultado, à Direcção. Para o vidro inventou um engenho de moer que foi construído e montado na fábrica pelo mestre das Águas Livres em Novembro de 1828, depois de várias tentativas inúteis, uma das quais foi a do mecânico António Schiappa Pietra que orçou em 150$000 tal trabalho e que, a-pesar-de ser hábil em maquinismos e de ter montado alguns nas serralharias de Pernes e Alcobaça, parece não se ter entendido com este. Outro engenheiro que lá foi não obteve melhor resultado, nem também Pedro Celestino Soares, brigadeiro, comandante interino de S. Julião da Barra, nomeado por Portaria de

13 de Fevereiro de 1823 para essa diligência. Em resumo o engenho nunca chegou a funcionar.

Para aperfeiçoar a loiça mandou, em 1822, ao operário oleiro Salvador Luís, que fora moço e depois avaliador da loiça do dr. Milagres, «estudar misturas com os barros de Cascais» e chamou o bacharel Francisco Tomás da Silva Franco para fazer outros ensaios pelos quais lhe conseguiu uma gratificação de 72$000.

Nesse ano de 1822 também foi nomeado para ajudante da Administração, com o ordenado de 120$000 anuais, Francisco António de Albuquerque Sobral, possivelmente parente do Superintendente, o que, como sabemos, era pecha velha no Rato, desde o tempo de Brunetio.

Vandelli, neste período, também quis fazer experiências com os barros de Molelos e mandou-os vir. Tenho entre os meus papéis uma carta-ofício assinada por Luís de Sequeira Oliva, sem data, dirigida a não sei que entidade, para que esta se dignasse mandar ao Juiz de Fora de Tondella para que lhe remetta três ou quatro arrobas de barro tal e qual os oleiros de Mulellos fabricão os Bulles de chá que sai de hum barro preto e lusidio e de aspecto metálico por fora.

In: SEQUEIRA, Gustavo de Matos - "Depois do Terramoto - Subsídios para a história dos Bairros Ocidentais de Lisboa", Volume IV,  Coimbra, Imprensa da Universidade, 1933, pp 129-130



[1] Conjunto de gravetos, varas flexíveis, pequenos paus, sendo também uma unidade de peso de lenha, que equivale a 60kg

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